Virou febre a prática do beach tennis no Brasil, segunda potência mundial do esporte, de acordo com a Confederação Brasileira de Tênis, entidade que regulamenta a modalidade. A líder em número de praticantes é a Itália, onde surgiu o beach tennis nos anos 80.

O esporte é praticado no Brasil desde 2008 e hoje cerca de 1 milhão de pessoas de todas as idades, desde crianças até adultos, joga em espaços públicos e privados, onde há filas à espera para entrar em quadra.

Todo esse interesse pelo esporte é salutar, mas cabe um alerta sobre o aumento de lesões envolvendo atletas de beach tennis. Dr. Adriano Marchetto, ortopedista especialista em Cirurgia do Ombro e Cotovelo, explica mais sobre o tema:

Dr. Adriano, por que estão aumentando as lesões em jogadores de beach tennis?

O aumento está relacionado a dois principais fatores: o primeiro é que cresceu muito o número de espaços para a prática de beach tennis no Brasil e, portanto, de praticantes desse esporte. E o segundo é que as pessoas jogam sem o preparo físico adequado, cometem erros de técnicas e praticam além do que estão preparadas, culminando em lesões.

Qual a lesão mais comum em jogadores de beach tennis?

Na minha especialidade de Ombro e Cotovelo tenho atendido muitos pacientes com lesão em ambas articulações. No cotovelo a lesão mais comum é a epicondilite lateral, conhecida como cotovelo do tenista. É uma lesão bem comum entre jogadores de beach tennis e de tênis, ou seja, em esportes que utilizam raquete. Ela é causada principalmente pelo movimento repetitivo ou pela extensão do punho durante o jogo.

Como é essa lesão?

Na epicondilite, o atleta sofre fissuras no tendão (parte que liga o músculo ao osso) e sente dor, além de sensibilidade ao longo da parte externa do cotovelo e antebraço, prejudicando sua função. Em alguns casos, os sintomas tornam difícil até para segurar a raquete. Com esse problema, a pessoa não consegue jogar.

Qual é o tratamento da epicondilite?

A primeira recomendação ao atleta é parar as atividades e usar gelo no local lesionado. Em alguns casos, a cura vem de forma espontânea, mas quando o problema se torna frequente a abordagem deve englobar diversas medidas terapêuticas, como medicamentos, fisioterapia e uso de órtese. E isso tem que ser feito o mais precoce possível, porque o tratamento visa controlar a dor, preservar o movimento e melhorar a força e a resistência. Ou seja, é importante restaurar a função normal do cotovelo e impedir maior deterioração.

Pode haver necessidade de cirurgia na epicondilite?

A cirurgia só é indicada para os casos que não melhoram com as outras medidas de tratamento. O tratamento cirúrgico é feito normalmente por uma pequena incisão, que permite ressecar o tecido danificado para melhorar as condições circulatórias da região epicondiliana. Desta forma favorecemos a produção de tecido colágeno normal e a reparação tendínea.

E no ombro, qual é a lesão mais frequente entre jogadores de beach tennis?   

Isto é assunto para a próxima entrevista, pois o ombro é uma articulação complexa e envolve mais que uma lesão.